Etiópia transforma energia excedente em lucro: barragem hidroelétrica e mineração de bitcoin

Mike Smith 4 days ago

A Etiópia implementou um modelo único de utilização da energia da maior barragem de África, a Grande Barragem do Renascimento Etíope (GERD), direccionando recursos para a mineração de Bitcoin. Esta abordagem permite a utilização eficiente do excesso de energia hidroeléctrica e abre novas oportunidades económicas.

A Corporação Etíope de Energia Elétrica (EEP) liderou o projeto monetizando o excedente de energia que, de outra forma, não seria utilizado. Segundo Hiwota Eshetu, director de marketing e desenvolvimento de negócio da EEP, a situação actual tornou-se uma situação vantajosa para todos: o país recebe fundos para o desenvolvimento da rede energética e os mineiros recebem uma fonte de energia estável e acessível.

Até à data, a Etiópia estabeleceu parcerias com 25 empresas mineiras, gerando receitas de 55 milhões de dólares para o estado nos últimos 10 meses. A atractividade deste tipo de negócio é reforçada pelas baixas tarifas de electricidade - cerca de 3,2 cêntimos por quilowatt-hora, o que diferencia o país dos seus concorrentes.

O investimento internacional neste sector está a atrair especial atenção. Por exemplo, a BIT Mining, uma das grandes empresas, adquiriu uma exploração mineira de 51 MW, o que fortalece ainda mais a posição da Etiópia na arena das criptomoedas.

A procura de electricidade por parte das empresas mineiras já atingiu os 600 MW e as previsões prometem um maior crescimento. A expansão desta indústria poderá aumentar a quota da Etiópia no hashrate global para 7%, tornando-a um dos principais intervenientes no mercado.

A mineração de Bitcoins está a tornar-se uma parte importante das estratégias energéticas globais. Por exemplo, o Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo, utiliza as receitas da mineração para iniciativas ambientais, mantendo infra-estruturas e financiando os salários dos funcionários.

Noutros países africanos, como o Quénia e a Zâmbia, a mineração está a impulsionar o desenvolvimento em regiões remotas, ligando-as a fontes de energia renováveis. No entanto, ao mesmo tempo, existe uma preocupação crescente sobre a possível exploração das capacidades energéticas da região por parte das grandes corporações de criptomoedas.

Para proteger os seus próprios recursos energéticos, alguns países já estão a tomar medidas rigorosas. Por exemplo, Angola introduziu uma proibição das actividades das empresas mineiras para manter a sua segurança energética.

A África do Sul, pelo contrário, demonstra uma abordagem mais flexível, obrigando os mineiros a declarar rendimentos e a pagar impostos. Isto permite ao país regular o mercado, mantendo ao mesmo tempo um equilíbrio entre os benefícios económicos e o desenvolvimento sustentável.