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A decisão de Donald Trump de utilizar a Lei Internacional dos Poderes Económicos de Emergência (IEEPA) para impor novas tarifas comerciais foi uma medida surpreendente que poderá ter um impacto significativo nos mercados financeiros globais. A introdução destas medidas afectou a China e poderá afectar potencialmente as relações com o México e o Canadá, apesar das negociações em curso.
O responsável pelo departamento analítico da CoinShares, James Butterfill, está confiante de que tais ações enfraquecem a posição do dólar e aumentam a atratividade dos instrumentos financeiros alternativos, entre os quais o Bitcoin ocupa uma posição de liderança. Segundo o mesmo, a redução da participação da moeda norte-americana no comércio internacional é há muito uma tendência notável e novas barreiras económicas podem acelerar este processo.
O Bitcoin compara-se favoravelmente com os ativos tradicionais na medida em que não depende de decisões políticas e da instabilidade das finanças governamentais. Butterfill sublinha que a natureza descentralizada da criptomoeda a torna uma ferramenta conveniente para proteger o capital em tempos de incerteza económica. “A instabilidade económica e a procura por ativos fiáveis estão intimamente relacionadas, o que confirma o crescente interesse pelas criptomoedas em momentos de turbulência”, explica o especialista.
A Reuters noticiou anteriormente que a administração norte-americana recorreu ao IEEPA para evitar procedimentos complexos exigidos pelas leis comerciais padrão. As autoridades explicaram esta necessidade de proteger a economia nacional, mas muitos especialistas vêem isto como uma tentativa de contornar os mecanismos reguladores tradicionais.
O presidente da Muse Labs, Jiang Jinze, considera esta abordagem um precedente perigoso que pode minar a confiança no dólar. Na sua opinião, a utilização alargada de medidas de emergência na política comercial apenas irá acelerar a transição dos actores mundiais para unidades de conta alternativas, reduzindo a dependência da moeda americana.
Gordon Grant, especializado na negociação de derivados de criptomoedas, também observa os riscos de desvalorização do dólar. Sublinha que embora a moeda dos EUA mantenha agora o seu papel de “porto seguro”, a sua atractividade a longo prazo é questionável. “Se as medidas de contingência continuarem a ser utilizadas como parte da estratégia comercial, os investidores poderão começar a procurar formas mais seguras de preservar o capital”, afirma.
Um ponto de vista semelhante é partilhado pelo CEO da Bitwise, Jeff Park, que compara a situação actual com o acordo histórico Plaza Accord de 1985, quando o enfraquecimento do dólar se tornou uma medida necessária para ajustar o equilíbrio global. Acredita que as novas tarifas poderão desencadear o aumento da inflação e a desvalorização das moedas nacionais, o que levará inevitavelmente os investidores a procurar alternativas, como a Bitcoin.